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Imagine a seguinte situação: Você está completamente apaixonado. Quer enviar uma mensagem para a garota dos seus sonhos mas houve uma tempestade em sua cidade. Está tudo inundado, a energia foi cortada, o poste de telefone caiu, e o correio está em greve há mais de uma semana! Não se desespere! Há uma solução simples e eficiente. Se vocês tiverem cada um seu pombo-correio, tudo estará resolvido e em pouquíssimo tempo vocês saberão um do outro!!! Bacana, não é?
A columbofilia como é chamado esse hobby dá muito prazer ao criador, além de ser barato. Sem contar o afeto que despertam essas aves mansas, limpinhas e muito bonitas, que você pode ter em sua casa.
Hoje em dia são usados apenas como atividade esportiva, mas durante anos foram de grande utilidade nos serviços de comunicação, tanto em guerras, como em casos de catástrofes ambientais, como as enchentes e os ciclones. O serviço de pombos-correio da polícia do Estado de Orissa, na Índia, está sendo desativado oficialmente. Há 50 anos esses animais têm garantido a comunicação durante as freqüentes inundações na região. Fundado em 1946, um ano antes da independência deste país, hoje sua manutenção é muito cara para o governo. O p-mail, como ficou conhecido na Índia foi muito usado durante as enchentes de 1982 e após um ciclone em 1999, que interrompeu todas as comunicações por rádio. Por ser uma arte milenar, desde os tempos das antigas dinastias, em que até o imperador Shah Jahan criava pombos-correio, alguns ornitólogos, acham que a tradição de criar estas aves deveria ser preservada, mas os policiais que cuidam deles vêem a tarefa como punição. Os pombos aposentados serão entregues ao departamento de vida silvestre do estado de Orissa.
Dentre os 50 animais no mundo que receberam alta distinção por feitos heróicos, 32 foram pombos.
O caso mais famoso é o da pomba com o elegante nome francês Cher Amie (Querida Amiga) que levando na perninha uma mensagem, salvou do massacre pelas tropas nazistas, 200 homens de um batalhão aliado, na II Grande Guerra Mundial. Seu corpo, embalsamado, encontra-se no Museu do Smithsonian, um dos maiores do mundo.
Na verdade, os pombos nunca vão a um destino, apenas voltam ao seu local de origem. Por isso para haver a troca de mensagens, é preciso que os dois locais que desejam estabelecer a comunicação, tenham consigo pombos um do outro.
Os pombos-correio, hoje pombos de corrida, diferem dos outros por sua vivacidade, “porte de atleta”, grande resistência, plumagem sedosa, visão de longo alcance, sentido de orientação impressionante e velocidade para voar, atingindo até 100 km/h. Os pombos bem treinados conseguem vencer distâncias superiores a 1000 km de seu pombal.
Alimentam-se de uma ração composta por 10 sementes diferentes, tudo balanceado por computadores. Mas comem pouquinho; apenas 1 quilo de alimento por mês é suficiente para cada ave.
Treinam diariamente cerca de 1 hora e competem até os 4 anos. Depois são usados apenas para reprodução até os 12 e ao completarem a maioridade, aos 18, aposentam-se e vão para o “asilo”, onde recebem todos os carinhos e cuidados após uma vida de trabalho.
Quem nos atendeu com extrema gentileza e contou tudo isso foi Márcio Mattos Borges de Oliveira, professor de operações e logística do Departamento de Administração da USP. Ele é Presidente da Federação Columbófila Brasileira e possui 230 pombos-correio. Márcio fala com grande paixão de seu hobby e deixou um convite para todos os leitores que desejarem se filiar à Associação Brasileira de Columbofilia de Ribeirão Preto. Os novos associados ganharão um casal de pombos para iniciar sua criação. Quanto aos pombos da nossa Praça da Catedral que tanta polêmica têm gerado, o professor ensina que são de outra espécie e que seu predador natural é a coruja, que é afastada pelo tipo de iluminação da praça. Se essa fosse alterada, as corujas voltariam e o equilíbrio se restabeleceria. Porém a nova iluminação é muito dispendiosa para os cofres públicos.

“A prática desse esporte desenvolve a sensibilidade, a valorização e a proteção da fauna e da flora, além de promover um círculo de amizade sincera e desportiva. Fora a grande emoção que se desfruta ao ver a chegada dos pombos após um enorme percurso realizado.”