hoje em dia sem margem de dúvida o cicloturismo nas suas várias vertentes domina completamente o desporto nesta zona e suponho que em grande parte do país. Nem o futebol se aproxima..., e as razões foram-me apontadas enquanto estávamos à espera de reunir 10 para um amigável de futsal e apenas apareceram 5. Hoje mesmo havia igualmente uma prova de cicloturismo no Concelho e os nossos futebolistas nem hesitaram e foram-se ao ciclismo. Cada vez é mais difícil arranjar 10 para uma brincadeira.
O que é engraçado é que tudo acontece numa época em que se diz que não há dinheiro e a columbofilia é cara, mas meus Srs cada uma daquelas centenas de bicicletas custa muito dinheiro e a sua manutenção também não é simples €€€. Então porque ganha o cicloturismo terreno ao futebol?, e à columbofilia?. Ao futebol, é simples pois eles próprios afirmam que não se zangam tanto a andar de bicicleta (penalty, faltas etc...) e dói menos no corpo...
Podes practicar sem depender de grande rigidez de horário e com as pessoas que queres. Se devido a problema familiar/saúde/trabalho não puderes sair um dia não perdes nada. Regra geral pagas se queres participar num almoço no final da prova. Depois dependendo da tua ambição podes entrar em provas que se diferenciam naturalmente, segundo os prémios, na qualidade dos artistas que entram e no preço de inscrição. Não se encontra facilmente profissionais contra amadores. Nada o impede mas eles não se cruzam a menos que os amadores decidam testar se conseguem chegar mais longe... Apenas precisas de uma bicicleta etc...
A columbofilia:
a) é pior que no futebol em relação a zangas. Logo afasta muita gente.
b) junta profissionais e semi-profissionais com iniciados e totalmente amadores.
c) inventaram a doublagem que mais não serve que para tornar pagantes 99% dos sócios originais da maioria dos clubes onde ela se realiza.
d) cobra preços iguais para todos.
e) perdes um fim-de-semana por algum motivo e adeus campeonato (felizmente que isso em Santarém já não acontece, mas por quanto tempo não se sabe).
f) precisas de 100 a 150 bicicletas para sentires que andas por ali por algum motivo lógico, e quanto mais tiveres melhor pois mais podes escolher a ver se sai alguma de jeito.
e podíamos continuar...
Motivo: temos um RDN que ficou parado no tempo. Vago, permite várias interpretações e poucas delas foram usadas no bom sentido. Uma tristeza que a FPC nunca alterasse o seu texto de forma fundamental. Regra geral estas interpretações serviram como desculpa para tentar aumentar os lucros dos clubes, desequilibrar a competição, aumentar os prémios dos de sempre e aniquilaram completamente os que poderiam andar apenas para brincar.
Não nos devemos surpreender de chegarmos aonde estamos a chegar. A economia é verdade que hoje tem um papel importante. A falta de renovação é culpa de uma estrutura que tendo à frente uma grande maioria que gosta do que existe nunca se soube adaptar à mudança, permitindo que outros sobrevivessem dentro dela sem sentirem explorados e à margem das zangas e ciúmes frequentes nos clubes devido a prémios etc.
As pessoas mudaram, já nem gostam de "porrada" no amigável de futebol, e as nossas regras continuam iguais... O ideal de um hobby é não se sentir que se tem que andar a medir forças com alguém que já sabemos à partida que não podemos sequer igualar. Tem que contribuir para relaxar. A columbofilia como hobby desaparece e como competição não tem pés nem cabeça com este RDN.
Admiram-se do quê?.
Belmiro
Re: Ciclismo versus columbofilia
e por curiosidade visitem a página de Federação de Ciclismo:
http://www.uvp-fpc.pt/index.php
e comparem com a nossa. Ali todas as formas recentes de usar duas rodas e pedais foram aceites e têm a visibilidade que devem ter. Abram as várias secções e verifiquem.
Quais as diferenças?. Estas nascem logo nos próprios Estatutos que podem ler em:
http://www.uvp-fpc.pt/pagina.php?id_pagina_new=1850&id_modalidade_new=1
e reparem na diferença enorme:
(O nosso RDN por ser demasiado vago permite coisas que nada têm a ver com este ponto e por isso a ética é referida em 2 pontos em contexto objectivo mas desnecessário). Os Estatutos falam apenas de:
"Desenvolve, ainda, estas competências, tendo como pano de fundo as tendências internacionais para assegurar e promover a ética desportiva, nomeadamente, nas áreas da arbitragem e controlo de dopagem, visando sancionar comportamentos anti-desportivos, como a violência, a corrupção, o racismo e a xenofobia. Os Regulamentos Federativos Desportivo e Disciplinar são disso expressão."
São os Internacionais que têm estas tendências..., e o que é enumerado nem é o que mais nos interessa a nível de regras Desportivas com alguma ética (não será do nosso interesse?).
Reparem que tentam abranger a todos. A palavra "recreação" não existe no nosso RDN e nos nossos estatutos não aparece como um fim da FPC. Somos um desporto, e muitos andámos aqui enganados pois temos um hobby. Esta mistura tem sido um erro. Columbófilos profissionais, ou semi, a proclamarem-se Campeões contra amadores, iniciados, infantis etc e a quererem tirar dividendos dessa situação.
Que diferença..., palavras para quê... Perguntam-se porque motivo apenas se permite ser titular de orgão se practicar a vertente recreativa?. Simples, para evitar o abandono das suas obrigações na Federação por causa dos treinos etc... Não é o que tem acontecido na FPC?. Elegemos practicantes quase profissionais, que levam demasiado a sério a sua columbofilia, e depois durante a época desportiva será que dedicam o tempo que deveriam à FPC ou às suas Associações?. Será esta uma razão fundamental do abandono e do imobilismo?. No final ficam sempre poucos para trabalhar e sendo assim tudo fica igual ano após ano pois os que efectivamente dirigem apenas existem em nº suficiente para manter o que há e já nem é mau...
E poderíamos continuar...
Já no final, reparem que no lado direito da página da Federação de Ciclismo tem uma secção "Ciclismo para todos - Cic.p/Todos". Isso existe na página da FPC????.
Depois passamos o tempo a discutir porque estamos tão mal. Penso que é fácil ver porque o barco se afunda..., porque não fomos melhores que isto a nível de capacidade humana.
É mais uma opinião!.
Belmiro
Re: Ciclismo versus columbofilia
hoje vamos tentar recordar o que é um desporto, pois na columbofilia existe uma ideia distorcida desta definição. Mais uma vez vamos recorrer a Federações/Associações mais evoluídas, como por exemplo a Associação de Ciclismo do Minho onde podem encontrar os vários regulamentos das várias especialidades:
http://www.acm.pt/index.php?cat=regulamentos
que podem ler se tiverem curiosidade suficiente, mas irei dar uma ajuda utilizando o Guia de controlo da bicicleta e do equipamento:
http://www.acm.pt/pdf/documentos/Comissarios_Guia_controlo_bicicleta_e_e...
que é distribuído aos Comissários etc...
Reparem como começa:
As bicicletas devem corresponder ao espírito e projecto do desporto ciclista. O espírito sugere que os corredores se confrontem em competição, em igualdade de circunstâncias. O projecto defende a primazia do homem sobre a máquina.
Isto é, não deve ser a máquina a definir a classificação mas o homem que puxa por ela. Na columbófilia o espírito é fraco. Sendo assim leiam o regulamento com atenção, e darei alguns exemplos:
Artigo 1.3.007
Tipo
As bicicletas e os seus acessórios têm de ser do tipo que sejam ou possam ser comercializados para serem utilizados pelos praticantes de ciclismo. A utilização de um material concebido especialmente para a obtenção de um resultado específico (recorde ou outro) não é autorizada.
Artigo 1.3.012
Uma bicicleta não pode medir mais que 185 cm de comprimento e 50 cm de largura.
Artigo 1.3.013
O bico do selim deve situar-se no mínimo 5 cm por detrás da vertical que passa pelo eixo dos pedais (1).
Artigo 1.3.019
O peso da bicicleta não pode ser inferior a 6,800 kg.
e continua com bastante detalhe em relação a medidas etc. Seria de admirar limitar recenseamentos?.
Realmente estamos perante um desporto onde é importante ter regras bem definidas de modo a que vença o homem e não a máquina por ele, ou o excesso de dinheiro. Eu poderia contratar um grupo de Engenheiros para me construírem a super-bicicleta, mas o regulamento proíbe que eu use essa bicicleta em competição. Para os columbófilos em geral esta regra não deve fazer o mínimo sentido. Então se o homem tem dinheiro para construir uma bicicleta melhor não pode?. Não estamos a parar a evolução do ciclismo?. Poder pode, mas competir com ela não. Queremos ter a máxima certeza de que quem ganha é o homem na bicicleta.
Pergunto, as regras da columbofilia como desporto têm alguma comparação com o que acabam de ler?. Como sabemos quem é o melhor columbófilo se à partida o RDN permite todo o tipo de desigualdades?.
No nosso pseudo-desporto existem Campeões?. Existem pombos muito bons, mas sobre Campeões Columbófilos existe um oceano de dúvidas. Campeões com 200 pombos a competir contra 50?, contra iniciados?, contra reformados sem posses?, uns com e outros sem entrada electrónica?, com 2 ou 3 equipas de pombos a rodar com o mesmo recenseamento etc... ?, e isto poderia continuar...
O mal está em nós mesmos. Alguns estão convencidos de que temos um desporto e na realidade temos uma coisa sem pés nem cabeça.
Haveria que separar as águas: quem se quer proclamar campeão, vender pombos etc... tem que se sujeitar a regras mais apertadas que permitam reconhecer sem grande margem de dúvida a capacidade do columbófilo. À parte teríamos que ter sempre o campeonato do pombo, o verdadeiro atleta, onde basta ser pombo para entrar no mesmo. Pensando melhor neste caminho, talvez se encontrasse a solução mais viável para a columbofilia como desporto e como passatempo.
Será possível?. Eu acredito que sim, mas com outros columbófilos.
Belmiro