Soltas e o Sistema

Mais uma vez chegou para uns, ou está a chegar para outros, a época do defeso. Há muito para reflectir e mudar. Repete – se novamente a velha história – pombos perdidos desnecessariamente, amadores destroçados, desistências e exemplos que impedem muitos de vir a iniciar este desporto.

O amigo Luis tocou num ponto que parece ter origem em telepatia. Na sexta-feira passada, dia do encestamento para a prova de Évora tive o prazer de receber a visita de colega nosso, um jovem que faz parte da direcção da Associação Columbófila do distrito de Aveiro. Conversamos durante várias horas. Um dos pontos abordados foram as soltas especialmente algumas que andaram a rondar o perigo.
 
Disse – lhe que tinha acabado de chegar de mais uma viagem ao Alentejo e Algarve, onde tinha constatado que havia muito nevoeiro em certas zonas ao amanhecer. Aconselhei – o a transmitir essa informação, e que a solta no dia seguinte não fosse efectuada antes das 08.00 horas da manhã.
 
Não sei se o colega transmitiu essa informação aos outros responsáveis, mas o facto é que os pombos foram para o ar as 06.45 horas. Isto para uma prova de apenas + - 280 quilómetros. Os pombos também não foram abeberados, como manda o regulamento.
 
O resultado é que perderam – se campeonatos, pombos vencedores de anilhas de ouro ainda não regressaram, e faltam aproximadamente 10 a 15% dos pombos enviados, o que para uma prova de velocidade não é normal.
 
Esses erros intencionais ou não, a mim nada me custaram, pois os meus pombos ficaram em casa, mas pergunto se serão necessários mais factos para de uma vez por todas os amadores abram os olhos e digam basta aos campeonatos gerais. Querem continuar a cuidar dos pombos durante todo o ano, para num único dia alguém “decidir” que todo esse trabalho não vai ser recompensado?
 
No distrito do Porto efectuaram – se até este fim-de-semana, cinco provas de fundo todas na linha sudeste onde as percas foram “normais” para provas de fundo. Porem a última prova tinha “obrigatoriamente” que ser feita a Leste.
 
Resultado, dos 18.965 pombos enviados aproximadamente 350 regressaram para todo o distrito no domingo (ontem). Hoje as 18.00 horas desconhecessem se os mapas irão encerrar, o que significa que provavelmente ainda não regressaram 20% dos pombos enviados.
 
Tudo indica que 15 mil pombos foram á vida. Quantos lideres não perderam os campeonatos na última prova? Há muita gente a chorar lágrimas de sangue.
 
Mais uma vez pergunto se uma aldrabice chamada campeonato geral tem lugar no seio da nossa columbófilia. Recebi nove chamadas de amadores que lideravam o campeonato geral ou o fundo, que ainda não receberam pombos, ou só tem um único pombo para classificar. Estes não só vão perder os pontos reais, como também os inventados com as penalizações, e lá se foi um ano com 365 dias de trabalho por agua abaixo.
 
Será isto columbófilia? Julgo que lhe devíamos mudar o nome para palhaçada. Seria muito mais apropriado.
Noutros países europeus decorrem actualmente as provas dos campeonatos de fundo. Entre outros, num pais como a Bélgica com quatro vezes mais columbófilos que nós, o numero de pombos encestados no pais só por uma vez ultrapassou os 20 mil pombos.
 
Aí não existem campeonatos gerais, não há limites de participação, não existem limites de recenseamentos, cada amador participa com os pombos que entender. Então onde está a diferença? Apenas e só no facto de só participar no fundo os amadores que tem colónias estruturadas para o efeito, enquanto os restantes tem outras provas com soltas no mesmo dia, e assim ninguém é tentado ou obrigado a mandar a todas.
 
É por isso e muitas outras que eu continuo a ser forçado a comprar os campeões nacionais nesses países, quando com um pouco de imaginação e boa vontade seria tão fácil vende-los em vez de os comprar. É o que temos.
 
Inácio Oliveira.