A muda, Infertilidade nos Machos e Outros Pormenores de Interesse Geral.

Em tempos de crise o dinheiro não abunda por isso há que tomar medidas e precauções para que os pombos não adoeçam (as curas são caríssimas) e apenas devemos recorrer ao mínimo de suplementos necessários durante a muda da pena.

Estamos a 03 Outubro em pleno Outono mas as condições atmosféricas mais parecem as do verão com altas temperaturas, pouca chuva, e muito sol, condições ideais para que poucos sejam os problemas detetados relacionados com a saúde, que por vezes afetam os nossos pombos.

Caso estas condições prevaleçam até ao final do mês, poderemos ter uma muda com 20 a 30 dias de avanço em relação aos outros anos o que seria fantástico.

Porem, por norma não é assim, e se o tempo mudar de forma brusca, os menos prevenidos poderão vir a ter graves problemas nos seus pombais.

A humidade e as correntes de ar dentro do pombal são o maior inimigo para a saúde do pombo, mais ainda, nesta época delicada que é a da muda da pena em que todas as reservas de energia são usadas pelo organismo da ave que delas necessita para substituir as penas velhas por novas em tão curto espaço de tempo, sendo esta a forma que a natureza escolheu para preparar o pombo para que este possa enfrentar o inverno que se aproxima. É por esse facto que as aves trocam de pena anualmente. 

Se o tempo mudar, os pombos, especialmente os novos, poderão não ter defesas (reservas) suficientes e poderão vir a adoecer o que significa praticamente um adeus destes aos bons resultados na próxima época.

Por esse facto devemos vacinar contra o paramixovírus todos os pombos jovens, e repetir a vacinação em Janeiro altura em que devem ser vacinados todos os pombos da colónia. A vacinação também funciona como fortalecedor do sistema imunitário no pombo-correio.

Durante as próximas duas a três semanas aos pombos deve ser aplicado um preventivo contra a tricomoniase e coccídeos em simultâneo (Euro dois em) durante 5 dias, e outro contra a salmonelose e, cóli e ornitose (Bifuromycin) durante 6 dias. Estes produtos têm vindo a ser utilizados durante anos pela maior parte dos campeões no país porque não causam qualquer efeito adverso no pombo durante a muda. Outros no mercado poderão fazer o mesmo efeito mas nunca por nós foram testados, daí não me poder pronunciar sobre os mesmos.

De resto, o Premoult e o B12 servidos duas vezes por semana até ao dia 10 de Dezembro serão o suficiente para que os pombos completem uma muda impecável.

Um ou dois banhos semanais com 20 gotas de Soluto Lugols por banheira de 25 litros de água, servir algumas verduras e tudo correrá perfeitamente.

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Um sério problema que tem vindo a ser cada vez mais notado prende – se com a infertilidade em pombos jovens machos.

Mesmo para mim que já levo quase seis décadas em volta deles nunca dantes presenciei casos como os que temos vindo a presenciar nos últimos três a quatro anos.

Estima – se, que, um em cada 500 machos possam nascer inférteis, mas dados concretos não os há por enquanto.

Segundo conversas que tenho mantido com veterinários australianos, ingleses e belgas presume – se, que, esse problema possa estar relacionado com algumas vacinas que temos vindo a utilizar nos pombos.

Ontem dei uma volta pelo centro - sul do país e foram dois os clientes que me pediram explicação para esse problema que lhes terá afetado um ou outro pombo na sua reprodução.

Em 2014 quatro nossos clientes pediram para devolver pombos que nos tinham adquirido, alegando esse mesmo problema.

Nos quatro casos, um não foi verificado, mandei destruir o pombo e dei o respetivo credito ao cliente, outro foi testado e confirmamos que o pombo era realmente infértil, o outro continua a ser testado tendo já fertilizado um dos 4 ovos que a parceira colocou, e por último temos um que, diga - se não fertilizou os primeiros ovos quando cá chegou acompanhado da também jovem fêmea, mas que com outra parceira experiente já com alguns anos passou a encher todos os ovos. Voltou á sua jovem parceira e continua a fertilizar todos os ovos.

Conclusão, o problema existe, e é real, mas nem sempre está ligado á saúde dos pombos. Em alguns casos a inexperiência dos jovens machos é o principal motivo confirmado pelo que descrevi e também pelo facto que passo a descrever.

No início deste ano adquirimos um jovem pombo na PIPA por mais de 10 mil euros quantia que pode ser considerada elevada tendo em conta as limitações do nosso mercado.

O pombo, devidamente identificado no fim do texto, foi apresentado como sendo propriedade de um cidadão português (tenho as minhas duvidas que esse pombo tenha estado em Portugal) mas quando tomei a decisão de o adquirir, tendo em conta que não tenho qualquer relação com o seu alegado ex-proprietário, pedi a dois amigos de confiança que disfarçadamente contactassem a pessoa questionando o motivo por que estava a vender um pombo jovem com um ano de idade desse calibre.

O homem terá justificado a venda do mesmo por que precisava de dinheiro e também já teria criado filhos do mesmo em quantidade suficiente para a sua reprodução. 

Nada a apontar a esta justificação, eu tinha decidido comprar o pombo, e como sempre, quando preciso compro.

O pombo chegou alguns dias mais tarde tendo sido colocado na secção de quarentena mas acompanhado de uma parceira. Os primeiros ovos ao fim de 6 dias de choco estavam brancos, foram retirados e o casal voltou a ir ao choco. Novamente ovos brancos. Troquei a fêmea mas o problema persistiu com mais dois ovos brancos. Permiti que viessem novamente ao choco e dos dois ovos que a fêmea colocou um estava fértil.

Com a Gerência da PIPA devidamente informada e que tinha vindo a acompanhar todo o processo foi acordado que daríamos mais algum tempo ao pombo antes de o devolver ao seu proprietário.

Entretanto a gerência da PIPA terá entrado em contacto e pedido informação ao alegado vendedor, que, para meu espanto os informou que nada podia dizer por que o pombo nunca tinha sido acasalado no seu pombal. Antes tinha o pombal cheio de filhos, depois quando confrontado com a possibilidade de ter que indemnizar o comprador o pombo nunca tinha reproduzido no seu pombal.

Menciono este facto, que para aqui não devia ser chamado porque mesmo no nosso país também haverá gente com uma dúzia de caras.

Voltando ao problema com a fertilidade do pombo, terminado o tempo de quarentena este foi introduzido no pombal reprodutor em secção individual. Aí resolvi investigar o seu comportamento e em vez de o deixar com a fêmea a tempo inteiro optei por os acasalar só á vista e passei a ir duas vezes por dia ao pombal permitindo que eles se juntassem ao mesmo tempo que aí permanecia sentado a presenciar os “amantes” durante meia hora. Para meu espanto logo no segundo dia constatei que o macho devido á falta de experiencia e talvez sem a melhor colaboração da fêmea, o contacto sexual não se realizava.

Entretanto chegaram os resultados das análises ao esperma que tinham sido enviadas para a Bélgica que confirmaram que o pombo era 100% fértil.

Resultado: não se trata - se de um pombo de elevado valor e este teria passado á história, porem, desde o início de Abril até á presente data a serie de 10 anilhas alocadas á secção que acomoda o pombo BE 12 – 4078540 o “Son Bak 17” que vai da serie 4005271-14 ao 4005280-14 foram todas utilizadas estando este de momento ocupado a reproduzir a segunda serie de 10 anilhas que vai do 4006631 ao 4006640 tendo apenas falhado um único ovo nas ultimas 7 posturas, o que acontece mesmo aos casais com rendimento máximo.

Nota: trabalhamos com series de anilhas por casulo mas no caso de ovos que são passados para outros casais, a numeração pode ser diferente para os descendentes desses casais.

Outro problema que por vezes acontece, mas aqui este é causado intencionalmente pelo próprio homem, prende – se com a fertilidade de algumas fêmeas importadas do triângulo Bélgica, Holanda e Alemanha que durante meses, por vezes durante um ano ou mais, no nosso país, não põem ovos.

O que realmente se passa aqui, salvo muito raras exceções onde a fêmea nasce com uma qualquer anomalia, é que se trata de fêmeas voadoras injetadas com uma certa substancia que as impede, mesmo que se acasalem entre si, de colocar ovos durante toda a campanha. O efeito dessa droga ronda os 8 a 12 meses.

Este procedimento tem vindo a ser posto em prática em colonias de alguns dos nomes sonantes da columbofilia desse triângulo.

O CIC por várias vezes no passado foi vítima desse procedimento. Porem conseguiu-se descobrir o antidote, e normalmente a fêmea depois de re-injetada volta ao seu estado normal, coloca ovos dentro de 15 dias e tem um resto de vida normal na reprodução.

A mensagem que estou a tentar passar especialmente aos jovens e principiantes a quem sempre dedico os meus artigos, é que nunca devemos descartar um pombo sem que todas as tentativas tenham sido feitas para detetar os inúmeros problemas com que sempre somos confrontados na columbofilia.

Porem o problema da infertilidade nos machos jovens é um facto 100% confirmado. Espero que os investigadores venham rapidamente a descobrir a causa deste grave problema que pela primeira vez detetei á 3 ou 4 anos atrás mas que tudo indica estar a alastrar.

Inácio Oliveira

Noticias CIC, Lobão 03-10-2014.