Ludo Claessens: Sozinho no topo.

 

Ludo Claessens: Sozinho no topo. (Primeira parte) 

Poderíamos agrupar os columbófilos em categorias diferentes. Desde “não vencedores” a “bons amadores”. Desde “bons amadores” a “campeões”. Desde “campeões” a “campeões mundiais”. E além disso tudo, ainda sobra uma categoria, o “menino-prodígio”, um talento de nível incomparável, com isto, apenas poderíamos estar a falar do único e inigualável Ludo Claessens, de Putte (Países Baixos). Um Picasso, se lhe quiserem chamar assim, ou um Mozart na Columbofilia. A sua carreira como columbófilo é como um conto de fadas em que, ele, o príncipe fazia com que, tudo o que tocava se transformasse em ouro.

Esta é uma história que pretendo contar em duas partes. A primeira conta a história (até 1995) dos pombos Claessens para o qual usei como referência um artigo muito bom, publicado no "Sportblad De Duif" (jornal mais vendido na Bélgica, propriedade de Jan Hermans - Waalre, Holanda). Na segunda parte irei narrar o período de 1995-2001.

Parte 1: A HISTÓRIA DOS POMBOS CLAESSENS ATÉ 1995.

Avô:

Putte é uma pequena cidade perto da fronteira entre a Bélgica e os Países Baixos, na parte Holandêsa. Ludo Claessens nasceu ali. Seu pai era belga e a sua mãe holandesa. Portanto, Ludo nasceu de uma família internacional, algo que não é incomum em contextos como esse. Ludo recebeu a nacionalidade de seu pai e manteve sempre, apesar de viver na Holanda. Um "belga holandês", que inclusive se alistou no exército belga.

Ludo cresceu em Antwerpse-straat (Rua da Antuérpia) em Putte perto de seus avós. Seu avô materno era Louis Sebrechts, um amador com bons resultados. O jovem Ludo era o melhor amigo de seu avô, e desde a infância, passou muito tempo no pombal do seu avô. Ali ficou "infetado" com o famoso vírus que todos conhecemos, isto é, “o vírus da Columbofilia”. Á medida que ele foi ficando mais velho, associou - se ao seu avô, com o qual Ludo competiu até completar 23 anos de idade. Depois, o avô continuou a competir sozinho, com muito sucesso, até aos 85 anos de idade.

Ludo viria a afirmar “ Meu avô Sebrechts ensinou - me a pegar num pombo-correio”. "Foi um verdadeiro psicólogo dos pombos. A lição mais importante que aprendi com ele foi que devo ser capaz de me sentir como se fosse um pombo. Saber o que os torna felizes ou os entristece". Ludo nunca esqueceu as lições de seu avô. Com ele aprendeu também a ir buscar esse tal “pombo fora de serie”. Os pombos bons vêm de pombos bons. Os fora de serie saem dos foras de serie.

Ludo é capaz de nomear todos e cada um dos melhores pombos que ele teve desde os dias em que concorreu em conjunto com o seu avô. “Se quiser posso inclusive indicar - lhe os números das anilhas” disse ele. Recordou "De Rappe", um viúvo incrivelmente bom, e não se esqueça de "Schouwveger" (a varredura) (Van Gils x filho - Merksem) cedido pelo Gaston Cruysweegs. O favorito era o "Hugo", um viúvo com sangue Huyskens-Van Riel cedido por Hugo Kuilen. Em 1972, ele comprou um pombo, que tinha voado muito bem, ao famoso Thijssen. Não provou ser o crack do pombal, tendo ganho o 38 º contra 1.050 pombos numa solta muito dura desde Ruffec (França). Esta classificação diz nos mais alguma coisa quando ficamos a saber que no dia da solta apenas 53 pombos regressaram aos seus pombais.

Com as suas próprias asas:

Os filhos são como os pombos, crescem e um dia saltam fora do ninho. Em 1974, casou se com Marja e compraram a sua própria casa, com um pombal. Ludo começou com cinco pombos que eram do seu avô. Entre essas cinco, estava “Het Donker Thijssen” (aThijssen escura). O membro, mais novo, do clube columbófilo “De Grensduif”  (O pombo da fronteira) ganha no seu primeiro ano quatro primeiros prémios: : 1º desde Orleans, 1º desde Moulins, 1º desde Ruffec e 1º desde San Vincent.

Gaston Cruysweegs.

Nos tempos em que Ludo voava com seu avô, havia um amador chamado Gaston Cruysweegs que era quase imbatível.  Conseguir ganhar os cinco primeiros prémios contra milhares de aves não era nada incomun nele. Ludo disse que admirava ese homem, considerando-o um ídolo e exemplo a seguir. Durante anos, foi o melhor amador da zona, e lógicamente que Ludo o visitava para adquirir alguns dos seus pombos.  Pombos como “De Rappe” e “De Schouwveger” vieram de Cruysweegs, que cultivava linhagens de Louis Vermeyer, os irmãos Van Gils e Stan Raeymaeckers.

“Cruysweegs sabía algo mais acerca de pombos”, dizia Ludo. “Devo admitir que todos os pombos que lhe comprei eram superclasse”. ". Os viuvos voavam até 350 km, mas, ocasionalmente, alguns eram encestados  para os Grandes Fundos.

Em 1974, Ludo visitou novamente Gaston na busca de mais pombos. Sendo nesta visita que adquiriu um viuvo que veio a ser seu melhor reprodutor. Com olho de campeão, Gaston perguntou ao Ludo se quería um macho ou uma fêmea. Ludo não podia acreditar no que estava a ouvir e disse: "Dá-me o macho". E, consequentemente, desse viuvo novo, um macho que mudaria a vida do Ludo como colombófilo porque veio a ser um reprodutor fora de serie. Recebeu, rápidamente, o nome de “Fokstier” (Padre), cruzou com um grande número de fêmeas, dando origen a pombos excepcionais. No total, 17 ou 18 vencedores de primeiros prémios.  Pensamos no “08” (2599108/77), que ganhou 4 primeiros e 6 segundos prémios.

O “De Fokstier” cruzou primeiro com a melhor fêmea reprodutora do pombal, “Donkere Thijssen”. Deles nasceria “Groten Bonte” que acabaría clasificado no 28ª nacional desde Órleáns. A melhor parceira do "De Fokstier" foi uma fêmea comprada ao Smijers numa festa de angariação de fundos local. Smijers ofereceu dois pombos para ese leilão. Uma fêmea com ótimos resultados em competições. e outra  fêmea azul que não tinha voado bem. Ludo preferiu a fêmea azul. Ninguém entendia, mas o futuro viria demonstrar que Ludo estava certo. Aquela fêmea “Oud Smijers Blauw” (a azul velha Smijers), provou ser uma reprodutora verdadeiramente superior á outra. Com o macho “De Fokstier” reproduziram o “Witpen Orleans” (“Orleáns pena branca”) - 81/8191863), que alcançou o 5º lugar na solta de Orleáns, sendo também o avô dos pombos vencedores do 1 º, 2 º e 3 º nacional de Orleans.

E o que pensar da irmã de ninho, do "Witpen Orleans", que ganhou o 1 º de Chateauroux, com mais de 15 minutos de avanço, contra 2.557 pombos? Demasiado  bom, pois ganhou tambem o 2º a nivel nacional. Desde então, ano após ano, Ludo tornou – se no homem a abater nas soltas a contar para o Nacional de Orleans.

O “Valen Michielsen”:

Em 1978, Cruysweegs comprou um Pombo tardio (6115575/78) a um amador belga. O pai daquele macho provinha de Michielsen (Brasschaat) e mãe de Van Alfen (Merksem). Por outras  palavras, do melhor sangue da atualidade. Cruysweegs tentou aduzir esse macho ao seu pombal, sem sucesso, sendo que um dia fugiu, entrando no pombal de Ludo Claessens, que imediatamente o devolveu ao Cruysweegs. Ludo, no entanto,  ficou tão impressionado com o macho que pediu ao Cruysweegs para um dia lhe vender o mesmo. En 1982, Cruysweegs telefonou a Claessens a perguntar se estaría interessado no “Valen” sugerindo que o poderia adquirir juntamente com a sua fêmea (meia irmã do “Fokstier”).  Este casal nunca rendeu o que era desejado no pombal do Cruysweegs, no entanto, no pombal do Ludo, foi bingo desde o primeiro momento.

O primeiro Pombo o “Valen” criou no pombal do Ludo foi o “Rooie Zot” (8215829/82). Esse macho classificou-se em 12º lugar na solta de Souterraine entre 1523 pombos, e 12º de Orleans entre 3.060 pombos.

Voou de forma impecavel desde Bergerac, em provas de longa distancia. Mas isso não foi tudo.  O “Rooie Zot” foi tambem um talento no pombal de criação. O seu primeiro descendente foi o “Witpen Zot” (8364098/83), excelente voador que na segunda prova a contar para o nacional desde Orleans, ganhou o 1º entre 4998 pombos, com 5 minutos de avanço. A mãe de “Witpen Zot” era filha do “Fokstier”. Assim cruzou um filho de uma meia irmã do “Fokstier” com uma filha do “Fokstier”. Estão errados os que pensam que “Witpen Zot” foi o único Pombo de superclasse desse casal. Recordo a sua irmã, “Rooie Zottin” (8664554/86): 1ª desde Criel contra 2304, 2ª desde Compeigne contra 1348, e 1ª desde Etampes contra 400…e trataba – se de uma yearling a competir contra os viúvos adultos.

Afinidade por consanguinidade:

(Árvore genealógica dos pombos Ludo Claessens)

O sucesso da linha "Zotten" e da linha "Fokstier" serviu de motivação para que o Ludo se concentrasse ainda mais na consanguinidade. O "Witpen Zot" tornou-se o parceiro de uma neta do "08", o irmão de sua mãe. Essa, a neta do "Donker 40" (8414940/84), que se classificou em 1º lugar contra 4.061 pombos. Esse casal endogâmica "Zot Witpen" e "Donker 40" tornariam Ludo Claessens famoso em todo o mundo, uma vez que sua filha (8722902/87) ganharia o primeiro nacional de Orleans com sete minutos de vantagem (apenas pombos comprovados) contra mais de 9.000 pombos. A fêmea que tinha vencido o primeiro nacional desapareceu de cena, mas abriu o caminho para que o seu irmão de ninho, "Donker 03 ", se convertesse num reprodutor espetacular. O sangue da “Zus 03” e outros a reproduzir no CIC.

Pombos como de "Voske 54 ", "o sonho", "seta vermelha", "Silver Boy", "Voske 88 ", "Voske 91" e " 92 ", "Donker 03" têm o sangue desse fenómeno no seu pedigree.

A mãe do campeão nacional foi também a mãe do "Donkere 65 ", mas cruzou com o "Witpen Orleans" (irmão de seu avô). "Donkere 65" foi 5ªclassificada de Melun contra 1815, 12.ª de Orleans entre 6217, e do 2ª nacional de Chateauroux contra 11.692.  O "Donkere 65 ", que também viria a ser um pombo que valeu o seu peso em ouro, porque é o responsável por campeões como "Gouden crack 89 ", "Katoog", "Donkere Witpen", "Het Nationaaltje" e muitos outros campeões.

Traduzido da publicação original da autoria de Stefan Mertens em:

http://www.siegelpigeons.com/news/news-ludo.html

Palavras chave: Ludo Claessens, Louis Sebrechts, Van Gils, Gaston Cruysweegs, Huyskens-Van Riel, Hugo Kuilen, Thijssen, Louis Vermeyer, Stan Raeymaeckers, Fokstier, Smijers, Michielsen, Van Alfen, Rooie Zot