O muito que deveria e podia ter sido feito mas não foi.

 

O muito que deveria e podia ter sido feito mas não foi.

Continuamos a andar com o carro á frente dos bois deixando para trás o mais importante para não dizer o indispensável á própria continuidade da actividade columbófila. Cabe a uma qualquer federação apresentar aos governantes projectos para que sejam criadas estruturas dignas e actualizadas para que os seus associados possam ter condições para praticar o seu desporto e rentabilizar ao máximo o rendimento dos atletas.

No caso da columbofilia portuguesa a saúde dos nossos pombos continua a ser algo insignificante e desinteressante para quem nos tem vindo a dirigir. Mira continua a ser utilizado como banco e propagação de doenças de norte a sul nos pombais dos columbófilos portugueses.

A história repete – se ano após ano, os columbófilos menos esclarecidos vão aguentando até á primeira ou segunda prova de fundo para logo de seguida baixar os braços e mais uma vez dar a campanha como perdida.

É um facto que após a realização destas duas provas do calendário apenas 10% dos columbófilos passam a manter aspirações de poder vir a ganhar algo, enquanto os restantes 90% confusos e desanimados deitam a toalha ao chão. Os que não desistem passam a fazer parte dos números necessários ao sistema para que se possa dizer que temos competição.

Um dos motivos desta triste ocorrência tem a ver com a saúde dos pombos que, mesmo que o columbófilo não se aperceba de algo de anormal a olho nu, os pombos estão em muitos casos doentes sem condições de saúde para aguentar os dois dias de cesto e as 9 a 10 horas de voo que os espera.   

Ano, após ano, aumenta o número de doenças que ameaçam os nossos pombos. Neste momento temos centenas senão milhares de colonias infectadas com a paramixovirose, estreptococos, nova estripe de salmonelas, algumas já resistentes aos habituais antibióticos, ornitose etc.

Tudo isto cortesia do derbies realizados com pombos estrangeiros em território nacional.        

Mas existem também outros motivos há mais de uma década identificados, que a falta de interesse ou a estratégicas ligadas a interesses pessoais da parte do nosso dirigismo leva a que ano após ano as indispensáveis mudanças e serviços necessários para a columbofilia não sejam implantados, apesar de termos dos melhores laboratórios e equipamentos na europa.

Lá diz o ditado que quem não chora não mama, e como a federação e os serviços veterinários aí implantados apenas se preocupam com Mira, os laboratórios e técnicos de saúde animal não tiveram em conta as necessidades dos columbófilos e do Pombo - correio. 

Assim continuamos com o flagelo das colonias atacadas por doenças e praticamente sem solução á vista.

Mais uma vez estamos a ser inundados com clientes desesperados com as suas colonias infectadas por doenças que nada tem a ver com as que sempre tivemos, ou seja as de fácil resolução como são a tricomoniase, coccídeos, vermes etc.

Poderá tratar – se de uma coincidência mas quando perguntamos aos nossos clientes que nos procuram devido a doenças que atacaram as suas colónias, qual a marca da vacina contra a paramixovirose utilizada a resposta é sempre, sem excepções a mesma, ou seja a da marca Chevivac.

Há anos que temos vindo a alertar para esta grave lacuna existente em relação á vacinação dos pombos dos columbófilos portugueses que, por falta de informação, ou para poupar 20 ou 30 euros, e pela não existência da vacina nas farmácias acabam por injectar os pombos com uma qualquer mixórdia desta e doutras marcas importadas ilegalmente, que sem o acondicionamento apropriado que se exige de nada servem porque passam a ser apenas e só um simples liquido injectável sem qualquer efeito preventivo.

Seria óptimo que, o veterinário ao serviço e pago pela federação com os dinheiros dos columbófilos e contribuintes, informasse detalhadamente os alvos sobre os perigos que este tipo de procedimento lhes traz sob pena de, se o não fizer, estes, os columbófilos portugueses poderem vir a pensar, como eu penso, que o Sr. Marc Ryon director de uma empresa que comercializa medicamentos, como eu também comercializo, poderá estar interessado que as colonias adoeçam. Assim facturamos todos… mais.

Pensar é um direito que todo o ser humano aufere e os columbófilos portugueses que, de burros pouco ou nada têm, também poderão, um dia destes começar a exercer o seu direito a pensar.

Deveria informar que, a vacinação contra a paramixovirose não só actua na prevenção dessa grave doença, mas também ao mesmo tempo reforça o sistema imunitário do pombo que quando devidamente vacinado passa a ter uma muito maior resistência a outras infecções causadas por vírus ou mesmo as de ordem bacteriana.

Devia ter actuado no sentido de, a legislação actual ser alterada para que as farmácias, únicos locais onde está assegurado um circuito de refrigeração continuado, as pudessem armazenar e fornecer os columbófilos com as respectivas vacinas nas condições que se exige. Existem farmácias que por especial favor o fazem, mas a legislação em vigor não o permite e até estas estão a correr riscos para nos ajudar.  

Ao mesmo tempo devia, ter actuado no sentido de esclarecer os governantes sobre a necessidade de se criar condições nos laboratórios nacionais para que os seus colegas de profissão em Portugal pudessem recorrer e obter resultados de análises rapidamente, especialmente durante a campanha desportiva, dentro de 48 a 72 horas como acontece no país de origem do senhor doutor.

Os columbófilos deste país saberiam agradecer esse gesto ao Sr. Ryon, mas de forma alguma lhe poderão agradecer o facto incontestável da sua decisão em incentivar a implantação de ainda mais derbies no nosso país (o seu país de origem não os aceita pelos motivos que descrevo) sabendo de antemão que esses locais são a principal fonte de contaminação e propagação de doenças nos pombos, algumas delas transmissíveis ao ser humano, no nosso país.

Aconselho – o a reflectir sobre o que tem andado por aí a fazer, porque o senhor diz ser médico veterinário. Assim sendo conhecerá certamente as obrigações, direitos e deveres consagrados na ordem que controla essa profissão.    

Uma colonia que adoece repentinamente durante a campanha desportiva, com as condições existentes actualmente dificilmente terá qualquer hipótese de poder recuperar dentro do pouco tempo entre provas, porque uma qualquer analise enviada pelos veterinários aos laboratórios demora no mínimo três a quatro semanas a ser processada o que á partida retira todas as hipóteses da recuperação da mesma em tempo adequado na época de concursos.

Conheço casos de columbófilos que mandaram através do seu veterinário pombos para analise, antes do início da campanha que ainda aguardam pelos resultados. 

Daí a necessidade de os clientes serem obrigados a recorrer aos curandeiros formados através da longa experiencia com esses casos que lá vão ajudando a resolver os problemas graças ao diagnóstico feito a olho nu para não dizer muitas vezes á distancia através do telefone.

Isto não devia acontecer num país europeu em 2012 mas é a triste realidade da columbofilia no nosso país, cortesia das pessoas em cujas mãos os columbófilos depositaram o seu destino.

Felizmente a nível pessoal, tenho experiencia suficiente, e estou em posição privilegiada porque posso juntar á minha basta experiencia na matéria relacionada com a saúde dos pombos, a outra parte de ordem técnica graças á colaboração da filha Lizelle técnica farmacêutica de profissão, que faz parte da equipe de serviço do CIC.

Imaginem o que poderia acontecer a milhões de euros que ao longo de mais de duas décadas temos vindo a investir em pombos, se estivéssemos dependentes dos serviços existentes para a columbofilia portuguesa.

Outro ponto de interesse:

Dentro de dois meses o CIC e restantes casas da especialidade em Portugal tem que estar certificadas e licenciadas pela D.G.V para continuar a exercer a actividade de venda e comércio de produtos veterinários. Os custos e a burocracia relacionados com esta certificação são elevadíssimos mas terá que ser feita, quem o não fizer fecha a porta.

Quantos irão poder satisfazer estas exigências? Estas medidas deviam ser tomadas sim, mas só depois das outras terem sido implantadas. Esta medida significa que os columbófilos continuam a ter acesso aos medicamentos que entendem ser necessários. Porem falta o serviço de diagnóstico adequado ao problema que possa estar a afectar as suas colonias. Como é que estes podem ter a certeza que o medicamento que decidiram utilizar corresponde ao apropriado para restabelecer o estado de saúde desejado nos seus pombos?

Só um serviço de análises rápido e eficiente ao dispor dos veterinários portugueses poderá levar os columbófilos a visitar os seus consultórios e a recorrer a esses serviços.

Aqui a federação mais uma vez mostra desinteresse em esclarecer os governantes das necessidades reais dos columbófilos portugueses. Assim sendo, temo que no futuro não só vamos continuar com os habituais contrabandistas de vacinas mas também iremos ter ainda mais contrabando de medicamentos.

Continuamos a andar com o carro á frente dos bois, sendo este o caminho que a federação, ou melhor as pessoas que lá estão, nos habituaram a percorrer especialmente durante o reinado do José Tereso, o que é de lamentar porque sendo sabido que não é, nem nunca foi columbófilo, é médico de profissão por isso devia saber o que fazer para resolver de uma vez por todas este gravíssimo problema também responsável por muitas desistências e que muita gente tem afastado da actividade columbófila. 

Duvido que o faça, pelo simples facto dos ditos contrabandistas serem os mesmos que com ele andam de braço dado em Mira ou ocupam e suportam financeiramente stands visitados pelas moscas nas exposições nacionais.

Favor com favor se paga, mas a factura é sempre saldada pelos mesmos que são os pobres pombos e indefesos columbófilos portugueses.

Vou novamente pedir um levantamento para sabermos quantos ainda restam no activo, mas presume – se que, dos 7.300 no ano passado mais de mil tenham já abandonado o barco que continua descontrolado e á deriva ainda debaixo do comando da "capitania do" José Tereso & co!

Inácio Oliveira,

Noticias CIC, Lobão 26-04-2012