as soltas de dia 19 de Abril

Ainda hoje dói ir ao pombal ver o lugar vazio outrora ocupado por amigos de longa data. Faltaram-me essencialmente machos adultos com mais de 3 anos. Quando o peso específico aumenta naturalmente com a idade tanto km em neblina/chuvisco fez estragos. Excesso de peso para voaram tanto tempo na neblina. As fêmeas chegavam "inteiras" e ainda puderam ir a Soses (830km) passado duas semanas, mas os machos... quando mais pesados foram pior..., aquelas asas notava-se que tinham pesado bastante pelo caminho.
Não tive a sorte de receber pombos "secos" como os primeiros, segundo se conta, que se apresentaram no nosso Distrito (Santarém). Os meus não "viram o desfiladeiro" sem neblina que existia mais a norte e por onde passaram muitos dos pombos soltos a norte de Hellín e uns poucos do nosso Distrito. Vinham com as narinas descascadas de tanto voar na neblina... e apenas apareceram ao final do 1º dia e dias seguintes. As fêmeas estão quase todas em casa mas os machos têm chegado regularmente ao longo das semanas. Ainda ontem pelas 15h chegou outro com apenas 1 pena no rabo. Só tenho a agradecer a quem impediu que ele morresse de fome tão perto do pombal, pois ainda ontem quando chegou estava magro e as narinas ainda não tinham recuperado, ao fim de quase 3 semanas, da descasca de horas e horas a voar na neblina e chuvisco das serras por onde tentou furar para chegar a casa. O caminho que o instinto lhe dizia ser o mais curto. Estes pombos que têm regressado estão bem perto de casa e foram bem tratados. Provavelmente sentindo a proximidade atiram-se à rede e as pessoas resolvem soltá-los apesar de o peso ainda ser baixo (chegam por norma à hora de almoço ou à hora de jantar e não podem ter voado muito). Só tenho pena que não regressem com um nº de telefone. A este rítmo ainda tenho esperança de recuperar 80% dos machos e aproximar-me dos 96% das fêmeas.
 
E a culpa?. Foi minha pois eu enviei consciente de que não estava tudo perfeito e no fundo esperava as decisões que se tomaram naquele dia por parte das Associações. Enviei em parte por desilusão com a decisão da FPC não organizar mais o Igualada, fiquei sem motivo para continuar, pensei em desistir e foram para "seleccionar"... a contar com os erros de quem coordena a columbofilia. São muito mais previsíveis que a meteorologia. A outra parte foi falta de tempo para manter a racionalidade. Erro pouco mas quando erro é em grande...
Na manhã da prova tive pouco tempo para ver o "Eumetsat". O que vi em 2' levou-me a pensar "aquilo não está nada bom mas devem soltar na mesma, não vale a pena pensar agora pois a decidsão foi tomada na 5ª feira". Encontrei nessa manhã alguns columbófilos e soube que os pombos tinham sido soltos. Estavam animados e a contar com boas médias apesar do vento contra que tinham visto no site da FPC, pensei e disse "cuidado que as coisas a pouco km da solta ficam sérias e  a meio caminho nem se fala... . Tudo depende do que estiver a acontecer debaixo daquelas núvens que vi tão rapidamente."
 
Grave não é errar, mas repetir o mesmo erro periódicamente a ponto de se tornar prevísivel. A bem da columbofilia é preferível não arriscar tanto (Capitão Garrido e/ou Associações). A maioria apenas precisa de uma gota para abandonar. A decisão de anular o Igualada para sempre fez abanar alguns (poucos que se vão somando...), mas estas soltas deveriam ser mesmo proíbidas para evitar abandonos em larga escala. Santarém em 2011 enviava quase 5000 pombos a fundo e hoje fica pela 3500. No outros Distritos mais do mesmo..., com os tiros que se dão no próprio pé.
 
Diga-se ou escreva-se o que se quiser tudo continuará igual. Entregue-se isto à maioria. Se o Igualada desparecer do mapa não tenho motivação para continuar. Nem o mini-campeonato nacional pelo qual esperei tantos anos me anima. Esperei demasiado, entretanto passei essa fase... . Agora apenas um campeonato Nacional de Grande-Fundo me prenderia, mas a FPC não tem o minímo interesse em promover essa especialidade e finalmente tomou claramente essa decisão.
 
Tento agarrar-me a um ramo para não desistir, são demasiados anos, não estou farto de pombos mas não tenho objectivos para continuar. Apenas os miúdos da escola me fazem vacilar. Irei continuar a ajudá-los mas sem perceber como é que um dia eles poderão integrar algo que teima em não se adpatar ao tempos em que eles vivem...
 
Belmiro