Columbofilia portuguesa. Ai que já não volto a ser campeão.

 

Ouvem – se gritos de estérea por todos os lados, choro e lagrimas de crocodilo, assobios para o ar, enfim até parece que a nossa columbofilia está de luto.

Porem tudo não passa de uma treta encenada pelos artistas bem conhecidos da praxe a quem a terra que sempre pisaram começa a ser cada vez mais escassa debaixo da sola dos sapatos.

Calma, digo eu agora, pessoal, porque a procissão ainda vai no adro mas:

Quando se fala de alguém é porque está vivo é bom sinal.

Quando se diz mal de alguém (eu adoro quando falam mal de mim) é porque essa pessoa tem saúde e uns trocos no bolso para a sopa.

Ultimamente tenho vindo a ser surpreendido com alguns a falar bem da minha pessoa o que me deixa preocupado porque embora continue a ter uns trocos já não tenho a saúde que desejo, e desconfio que será por isso que passei a ser um bom rapaz. Esperem que eu morra e todos irão dizer que…era um santo.

Fala – se da nova direção da Federação Portuguesa de Columbofilia. Aleluia digo eu, da anterior praticamente ninguém falava á exceção do parvalhão autor destas linhas, mesmo sabendo todos vós que esses desgraçados nos roubaram o dinheiro, a dignidade, nos mataram os pombos, escorraçaram os columbófilos e muito mais.

Porem ninguém falava porque neste país dito democrata, mas debaixo do jugo de uma constituição comunista, praticamente só o "srs. doutores" (não necessariamente medicos ou advogados) e seus servos é que tinham e têm o direito a ladrar.

Embora mantenha as minhas fontes de informação, até á data não tive qualquer contacto com qualquer membro da nova direção da FPC, por esse facto 100% verdadeiro, peço aos "senhores doutores" que não voltem a ladrar nas minhas costas alegando que já passei para o outro lado.

Mesmo sendo a pessoa má e horrível que sou o meu lado foi, é, e será sempre o que entendo ser o mais aproximado do lado da justiça, da verdade e do progresso.

Sempre estive do lado dos columbófilos que durante os mandatos da anterior direção foram roubados, abusados, utilizados como se de uma vagina de uma prostituta se tratasse para dar o dinheiro aos “chulos” e garantir o prazer desportivo a meia dúzia de doentes mentais que pretendiam ganhar a qualquer custo.

O pranto a que assistimos neste preciso momento tem a ver com esses mesmos "senhores doutores" que, não sendo mais inteligentes que os outros, terão o dom da sabedoria graças às propinas que nós todos pagamos. Esses senhores têm vindo a tentar angariar alguns seguidores no grupo dos menos bem preparados, os quais, sem se aperceberem estão a cavar ainda mais funda a sua própria sepultura.

A atual direção da FPC tomou algumas medidas no sentido de fazer mexer o que há quase duas décadas esteve totalmente e desgraçadamente parado.

Algumas são merecedoras de todo o meu respeito. Outras nem por isso.

Sempre lutei com unhas e dentes para que as coletividades e os seus associados fossem libertados do jugo porco e monopolista a que estavam sujeitos pelas associações distritais.

Hoje os columbófilos já são livres de organizar os seus campeonatos, calendários próprios, criar riqueza para as suas coletividades e se assim o entenderem seguir o melhor caminho que entendam. Estão finalmente libertados das garras das fictícias empresas de transporte apelidadas de associações.

Isto, para mim e todos os columbófilos de bem deste país foi a maior conquista de sempre, tenho que dar graças á nova direção da FPC.

Na outra notícia que publico neste mesmo site leio com muita satisfação que a nova direção da federação anulou as classificações ilícitas e vergonhosas referentes á ultima campanha dos distritos do Porto e Lisboa.

Ora meus senhores, isto nunca dantes aconteceu, pelo contrário as anteriores direções da FPC sempre pactuaram com esse tipo de criminalidade ao ponto de Portugal ter sido praticamente sempre representado no estrangeiro com pombos cujos resultados desportivos eram fraudulentos e adulterados. 

Não seria justo da minha parte após tantos anos de luta constante a favor da transparência e justiça desportiva deixar de reconhecer estes feitos que a todos devia alegrar. Aqui também tiro o chapéu á atual direção da FPC.  

Noto, devido ao meu posicionamento na parte comercial, que muitos dos que abandonaram e alguns principiantes começam a pedir orçamentos para pombais, acessórios pombos etc. Nota – se alguma até diria substancial movimentação o que há muito não acontecia.     

Vários outros pontos devidamente alterados no regulamento desportivo também são merecedores de um muito obrigado da minha parte. Sobre esses falarei mais tarde.

Porem nem tudo terá sido feito corretamente e no meu entender, no que toca às novas medidas adotadas nomeadamente no que se refere às limitações de pombos por recenseamento, embora compreenda e julgue saber o motivo da tomada dessa decisão, a qual terá passado certamente por algum populismo (cheira a Vidal Pinto) com a intenção de adoçar a boca a alguns, embora poucos, columbófilos (também os há) que infelizmente terão nascido só com metade do cérebro.

Aqui a direção da FPC devia reconsiderar, e até voltar atrás não lhes ficaria nada mal, porque esta medida definitivamente não vai ajudar a cativar mais columbófilos, e criou já muito desconforto no seio da maioria.

A federação deve decidir sobre o teto máximo de pombos a encestar por cada columbófilo, mas o limite de encestamento, exceto para as provas a contar para os nacionais, deve ser votado e decidido pela maioria nas coletividades. Exemplo: a FPC impõe um limite máximo de 30 pombos por columbófilo por prova em cada coletividade. A coletividade deverá ter sempre a possibilidade de diminuir esse limite se os seus associados o assim entenderem.   

Cada columbófilo chegará á sua coletividade e encestará um número de pombos que não poderá ultrapassar o limite estipulado no regulamento interno desse clube.

A quantidade de pombos que ele possa ter ou não em sua casa não diz respeito a nenhuma outra pessoa nem interfere com os resultados desportivos de A contra B.

No que se refere á nova taxa não me vou pronunciar sobre esse ponto, porque tratando – se de uma quantia insignificante é minha opinião que todo aquele que não tem 10 ou 15 euros disponíveis deve abandonar os pombos até que as coisas melhorem e possa regressar.

Os campeonatos gerais obrigatórios também deviam ter sido a primeira coisa a desaparecer, porque é aí que reside 90% dos problemas os quais levaram mais de 10 mil columbófilos a abandonar a modalidade, está a impedir o regresso de muitos e bloqueia totalmente os principiantes.

Para alguns que possam ter andado mais distraídos, tenho vindo a escrever isto há mais de 15 anos, 99% da totalidade das despesas que o columbófilo tem com a sua colonia estão relacionadas diretamente com o calendário desportivo em que este participa.

Poucos se terão dado ao trabalho de parar para refletir sobre este importantíssimo ponto mas este é um facto incontornável.

O nº de pombos necessário para participar num calendário com 20 provas de velocidade e meio – fundo rondará os 60 pombos no máximo.

Significa que 5 casais na reprodução são mais que suficientes.

Significa que um pombal de pequena/média dimensão é o suficiente.

Significa que 3 sacos de 20kg de ração são suficientes para um mês.

Significa que com poucos euros ao ano este conseguirá adquirir vacinas, suplementos e alguns tratamentos para manter a saúde e a forma da colónia.

Significa que enviar poucos pombos a treino fica muito mais económico.

Significa que terá mais tempo para trabalhar ou dedicar á família.

Significa que haverá verdade desportiva onde todos podem ganhar ou perder mesmo as grandes colonias jamais conseguirá sobrepor – se às outras de menor dimensão.   

Significa que quando as dificuldades apertam serão muito menos os que abandonam totalmente a columbofilia.

No sistema existente com base nos campeonatos gerais mesmo com esse sistema de 130 pombos por concorrente uma qualquer colónia terá que ter sempre 200 pombos no mínimo porque se esses 130 efetivos não forem pombos com dois ou mais anos o columbófilo não terá qualquer hipótese de discutir qualquer título. Este será sempre obrigado a ter uma segunda equipe de pombos novos a ser rodada para o ano seguinte o que significa que:

Significa que terá que ter instalações caras e espaçosas

Significa que terá que ter no mínimo 20 a 30 casais reprodutores

Significa que serão necessários 10 sacos de ração por mês

Significa que serão necessárias grandes quantidades de suplementos vacinas e medicamentos.

Significa que os custos elevados com os treinos dos pombos inativos

Significa que haverá menos tempo para o trabalho e ou família.

Significa que os que tem condições financeiras para suportar estes encargos continuarão a massacrar os indefesos que não têm para onde fugir.

Significa que quando algo corre menos bem em termos financeiros o abandono é quase sempre total, radical e em definitivo.

Há que criar condições para que os ditos grandes possam competir como entendam, mas ao mesmo tempo criar campeonatos paralelos para que os mais frágeis não sejam obrigados a ser sujeitos a esse massacre.

Senhores dirigentes foram estes abusos e a falta de alternativas impostas pelo jugo das associações que mais contribuíram para o afastamento de mais de 10 mil colegas nossos em tao curto espaço de tempo.

Não vejo qualquer projeto para incentivar a disputa de campeonatos de pombos de ano o que significaria outra poupança substancial porque esse campeonato se existisse eliminaria a necessidade de os columbófilos terem de ter 50% dos pombos inativos no pombal durante quase dois anos.

Borrachos treinados e concursados em curtas distâncias em agosto/ setembro estarão meses mais tarde na próxima campanha precisamente na mesma condição que os atuais ditos pombos ao segundo ano e aptos a participar em todas as provas de velocidade, meio-fundo e mesmo fundos curtos. Este novo processo trará também vantagens desportivas e especialmente económicas para todos, será um excelente incentivo para os iniciados que poderão começar por dar os primeiros passos nestes campeonatos de curta distancia.

Os campeonatos tal como estão implantados mesmo com essas engenhocas dos limites de recenseamento afastam tudo e todos que não sejam os considerados de media/alta classe.

Arrisco a afirmar que esse limite de 130 pombos por columbófilo não será suficiente para uma grande parte dos columbófilos dos distritos do Porto, Aveiro, Braga e Viana e provavelmente outros. Já estou a ver 30 a 40 % ficar sem quantidade de pombos suficientes para completar a campanha que se avizinha, e aí, cuidado. Bastam duas ou três soltas daquelas que muitos de nós sabemos ser programadas ao pormenor e já está o caldo entornado.

Alerta: a direção da FPC que se cuide porque sei de fonte limpa que já existem planos nesse sentido. Se isso vier a acontecer instalar-se-á a anarquia e a direção da federação cairá.

Outro ponto que não vi mencionado em lado algum é a legalização dos pombais.

Este cancro deve ter prioridade na resolução dos muitos problemas que nos afetam, impedem de progredir e afastam as pessoas honestas do desporto porque não querem instalações ilegais nas suas propriedades. Há milhares de casos e processos pendentes no país, há pessoas que não podem submeter um qualquer projeto á camara sob pena deste não ser aprovado enquanto o pombal estiver na propriedade. Há pessoas que não têm licença de habitabilidade da sua casa porque existe um pombal na propriedade.

Isto é o cúmulo da vergonha, então o pombo-correio que dizem ser considerado de utilidade pública não tem direito a viver entre nós? É um sem-abrigo?

Este é um assunto que a FPC deve levar á Assembleia da Republica se necessário porque esta lei é discriminatória e não faz qualquer sentido.

Mira: passou de um oásis que rendeu milhões para os bolsos dos vigaristas a um pesadelo que já está a ser financiado com os dinheiros dos columbófilos. Este é outro assunto que rapidamente ainda este ano se possível deve ser abordado e decidido o seu futuro.

Encerrar? Entregar a organização a privados que possam estar interessados em lançar um derby de prestígio idêntico ao do Algarve?

Seja qual for a decisão, a FPC não pode nem deve continuar associada a algo que em nada serve a columbofilia portuguesa, ocupa 80% do tempo dos funcionários da federação, tempo esse que terá obrigatoriamente de ser utilizado na resolução dos enormes problemas com que nos deparamos.

São estes os fatores principais que me preocupam, mas como sempre seja em que setor for quando há mudanças existem sempre os prós e os contras daí ser necessário criar condições paralelas mas independentes para minimizar os abusos de uns em prejuízos dos outros.

Sei que é impossível fazer num único ano tudo aquilo que os dirigentes anteriores propositadamente ignoraram, não quiseram ou não souberam fazer.

Espero que dentro de um máximo de três anos (se por cá ainda andar) poder ver implantada a columbofilia com que sempre sonhamos.  

Ao longo de mais de duas décadas tenho vindo a lutar no sentido de criar condições dignas para ambas as partes, e assim continuarei até ao dia em que vier a fechar os olhos para sempre.

Inácio Oliveira,

Noticias CIC, Lobão 18-11-2014.