Ao bem, com inteligência, e boa fé tudo se consegue, as artimanhas são sempre de curta duração.

Sem novas ideias, iniciativas com sentido, a columbofilia morre em Portugal, mas com um pouco de imaginação o resultado podia ser outro, mesmo ao ponto de se inverter a tendência e recomeçar o crescimento rapidamente.

O povo português está entre os que mais colaboram no mundo desde que os projetos sejam honestos e muito bem explicados. 

Há semanas atrás a Federação reuniu com todas as associações, a pedido destas, que pretendiam voltar ao antigamente, aumentando os limites de pombos por prova etc.

Foram, mais uma vez muitas as deslocações, estadias, almoços, e jantares que os columbófilos tiveram que suportar, tudo por causa das mentes atrasadas que em vez de pensarem em algo novo que motive toda esta gente que se sente usada e maltratada, estes pretendiam voltar atrás e encher os transportes novamente com carne para canhão, com a finalidade de embolsar mais uns euros.

Resultado, gastaram – se mais uns largos milhares de euros e no final a resposta da federação foi negativa, tudo deve ficar como está, porque segundo estes, está muito bem. O Salazar e o Estalin diriam o mesmo.

Ambas as posições carecem de inteligência e boa vontade, nenhuma das partes consegue ver ou ler o quadro que está á frente dos olhos de todos os que os têm.

Basta de fazer fretes aos amigos que só ganham porque a concorrência está controlada de tal forma que fora do ciclo vicioso ninguém tem hipóteses de ganhar seja o que for, e, meus senhores, lembrem - se que por mais humilde que seja o columbófilo, todos sem exceção, aspiram a poder ganhar algo. Há que criar condições para que isto seja passivel, é tão fácil.

Antes de falar com a federação, as associações, que são apenas e só meras empresas de transporte, deviam reunir com os columbófilos, e só depois tomar decisões de acordo com a vontade das maiorias, facto que nunca aconteceu no passado e muito menos agora.

Desta forma as pessoas sentem – se excluídas porque o único contacto a alto nível com os columbófilos tem sempre lugar uma vez por ano aquando das inscrições e respetivos pagamentos para a próxima campanha, ou então em algumas distribuições de prémios onde, aproveitando o ambiente de festa, de microfone na mão, lá vão proferindo as suas habituais aldrabices.

O presidente da federação e os presidentes da maior parte das associações são peritos nesta matéria. Diria, autênticos malabaristas para não dizer cobardes incapazes de enfrentar os lesados cara a cara.

O que eu faria se estivesse no lugar deles:

1º durante o defeso organizava encontros diretos com os columbófilos em algumas coletividades, nas maiores ao mesmo tempo que convidava os sócios vizinhos das mais pequenas também a marcar presença.

2º apresentava, explicando ao pormenor, um novo projeto para que, aqueles com menos recursos, os reformados e os principiantes, pudessem praticar a columbofilia eliminando 70% dos custos que estes são forçados a suportar atualmente.

3º sim, eu disse 70%, não há engano, e é 100% garantido e possível de atingir esse objetivo, com as devidas alterações ao regulamento desportivo atual, sem imposições, ou forçar seja o que for, bastará colocar a funcionar dois sistemas paralelos, mas distintos, em que as partes envolvidas não sejam prejudicadas ou beneficiadas.

É impossível conseguir o crescimento, seja nas nossas vidas privadas, no governo ou na columbofilia sem que a despesa seja controlada, tendo sido este o maior problema e erro cometido no passado pelas associações e federação, que sem qualquer respeito pelos lesados, apenas se limitaram a enviar a fatura para que estes pagassem, sem qualquer tipo de preocupação em saber se os seus clientes tinham ou não dinheiro para a pagar.

O sistema paralelo passa por deixar as coisas como estão no que se refere aos campeonatos gerais, estes acabarão por se eliminar a si próprios, disso não tenho a menor duvida, e implantar obrigatoriamente outro tipo de competição de curta/media distancia (esqueçam essa merda das ditas clássicas) para que, os atrás descritos, com menos possibilidades, sejam estas temporárias ou permanentes como é o caso dos reformados, possam competir sem qualquer tipo de impedimento, descriminação ou obrigatoriedade forçada, como é o caso das provas de fundo obrigatórias, ou mesmo as outras da mesma especialidade, para as quais poucos pombais estão equipados para nelas participar.

Vamos á contabilidade: atualmente um qualquer praticante nos campeonatos gerais, tem de ter os 120 pombos que o recenseamento permite, mais 80 novatos a rodar para o ano seguinte e respetivos reprodutores o que por norma são 220 a 250 pombos por columbófilo.

A - Alimentação são necessários no minimo 5 sacos de 25kg de ração por mês, o que dependendo da marca, custa € 70,00 mínimo.

B – Grites, minerais, vitaminas, vacinas, sais de banho, desinfeção dos pombais, quota federativa e coletividade, pagamento dos pombos para fundo e outros, serão necessários mais, em média anual, € 150,00 por mês o que perfaz 220 a 250 euros por mês, isto sem incluir um ou outro pombo que terá que ser adquirido, e despesas relacionadas com pombais e acessórios.

Ora estes números para o senhor presidente e outros membros da federação, assim como para maior parte dos dirigentes associativos pouco ou nada significam.

Porem, para uma família, mesmo que trabalhem os dois, que ganhem o ordenado mínimo, significa que mais de 20% do seu orçamento mensal terá que ir para os pombos, e assim sendo, só lhes resta uma hipótese que passa por abandonar a columbofilia, ou então tirar a eles próprios e aos filhos aquilo que necessitam.

Este sistema é próprio de gente sem escrúpulos, que apenas olha o seu umbigo, que usa quem pouco ou nada tem para saciar a sua malvadez.

Isto é comunismo ao seu melhor, onde quem lidera tem tudo, graças ao que é tirado á força a quem menos tem.

Vejamos agora a alternativa:

A – o amador precisa de apenas 30 pombos adultos, mais 20 novatos para rodar para o ano seguinte, o que é mais que suficiente para participar num calendários com 20 provas anuais, onde a classificação seria feita com o primeiro pombo recebido, e outra com a totalidade dos restantes pombos classificados.

Um saco de ração de 25 kg por mês será suficiente, o custo será de € 15,00 aproximadamente.

B – Grites, minerais, vitaminas, vacinas, sais de banho, desinfeção dos pombais, quota federativa e coletividade, pagamento dos pombos para a velocidade e meio – fundo, serão necessários mais, em média anual, € 40,00 por mês o que perfaz um total de 55 a 60 euros por mês, sem incluir um ou outro pombo que terá que ser adquirido, e despesas relacionadas com pombais e acessórios, que sendo pombais de pequena dimensão, não serão muito elevados.

Como poderão confirmar é aqui que está o principal problema, se este não for atacado e corrigido, nada nem ninguém conseguirá salvar a columbofilia deste país.

Nos últimos dias um jovem de 14 anos apareceu no FB a pedir ajuda para construir um pombal e alguns pombos de qualidade.

Ora logo apareceram organizações de jogo clandestino e ilegais a oferecer inscrições gratuitas para o miúdo poder participar nesses derbies. Que belo exemplo para uma criança de 14 anos.

Outro comerciante de banha da Índia apareceu a oferecer ao miúdo as drogas necessárias para que ele possa vir ganhar e ser um campeão no futuro.

Ninguém se lembrou que o jovem precisa em primeira mão de um pombal, de seguida de pombos, e da peça fundamental que é condições para que ele possa praticar o desporto tendo em conta o baixo rendimento que a sua família alegadamente terá.

Pergunto: há por aí alguém disposto a financiar este jovem com os mais de € 3.000,00 ao ano, necessários no sistema atual, para que este possa praticar o desporto com a dignidade que se exige?

Quantos milhares existem por esse país fora em condições idênticas?

Comunismo de merda este tipo columbofilia.!!!

Alguma inteligência, boa vontade, e gente digna, precisa – se urgentemente.

Inácio Oliveira

Noticias CIC, Lobão 03-09-2016