Ainda as "Eleições" na FPC

                                  Hoje apetece dizer que eu bem avisei.

Éramos então mais de 20 mil columbófilos praticantes em Portugal, estamos a falar de Janeiro 2001 data da 1ª edição da revista C.I.C.

Nesse artigo que passo a reproduzir no final deste trabalho, alertei para os perigos do caminho que estava na altura a ser iniciado pela equipe de dirigentes encabeçada por José Tereso & Luis Silva, orientados por um director de serviços profissional, hoje por todos considerados como os principais coveiros do nosso desporto.
Estávamos então numa fase de desenvolvimento em termos columbófilos graças ao legado que o saudoso Gaspar Vila Nova nos deixou, igual ou superior aos principais países europeus. Se me tivessem dado ouvidos hoje seriamos lideres incontestáveis. Porem optou - se por escutar o fado e dez anos mais tarde, temos o resultado que está á vista de todos.
Temos hoje menos de nove mil praticantes, entretanto mais de três milhões de euros desapareceram como o fumo, milhares de almas destroçadas porque não podem praticar o desporto que gostam, e continuamos a escutar a mesma orquestra fúnebre dos velhos músicos roucos, mudos, surdos e cegos.
Um destes dias quando já não houver mais defuntos os funerais acabam, mas isso pouco importa porque eles próprios os autores já estarão então com o seu próprio buraco aberto. Já pouco falta e.. 
Missão cumprida!
A juventude coitada, terá que se desenrascar recomeçando das cinzas sem nada onde se possa apoiar.
Eu próprio não fujo á regra, e estou também cada vez mais próximo do dito buraco. Porém para mim tudo o que possa vir não me aquece nem arrefece, mas continuo com a minha teimosia em relação ao futuro dos que por cá vão ficar mais algum tempo.
O nosso povo devido á grave crise financeira que nos afecta chora lágrimas de sangue. Chegamos ao cumulo da vergonha de tirarmos parte do salário, o sustento das famílias daqueles que trabalham para pagar as dividas de um estado gerido por pessoas que não souberam olhar para o futuro, gastando mais do que tinham, podiam e deviam ter feito.
Enquanto o barco se afundava, em vez de o reparar e salvar, deixaram que se afundasse e compraram submarinos para que o possamos ir visitar no abismo das profundezas do oceano.
É precisamente esse o caminho que o Tereso e todos os restantes canalhas que com ele continuam a colaborar estão a percorrer. Lá diz o velho ditado que tão bom é o criminoso como quem com ele colabora.
Se é um facto que alguns são sobejamente conhecidos como os lambe pratos, outros deixam - me estupefacto, pois nada fazia prever que por detrás dos homens que conheci estivesse escondido o animal selvagem, cuja mascara finalmente caiu.
Só um animal velho, cego, mudo e surdo pode continuar sentado no seu poleiro quando o naufrágio está á vista sendo mais que iminente.
Um capitão honesto e sério há meses que tinha convocado os seus homens e tomado as medidas necessárias para evitar que a nave se afundasse.
Na actual conjectura económica eu no lugar desse sujeito que não sabe como pegar num Pombo, teria tomado as seguintes medidas começando pelas alterações necessárias na parte desportiva.
Teria convocado uma espécie de Concelho de Estado Columbófilo com todos aqueles que percebem de columbofilia. Não com os mesmos de sempre que pouco ou nada sabem, ou melhor sabem praticar o mal contra o próximo.
Colocava na mesa propostas, e ouvia outras de quem percebe da matéria para imediatamente estancar a deserção de milhares de colegas que não tem outra alternativa senão abandonar, maioritariamente a titulo definitivo, a pratica da modalidade.
Estamos a falar de muitas famílias columbófilas no desemprego ou cujo salário vai ser reduzido em 2011.
Para os senhores coimbrões e seus actuais colaboradores tudo isto pouco ou nada interessa, muitos até já esfregam as mãos porque ganhar será agora ainda mais fácil. Esses sujeitos vivem da desgraça dos outros daí ter a certeza que nada irá ser feito. Basta ler os comunicados no sitio da fpc para confirmar que tudo está a ser feito para que no próximo ano tenhamos mais do mesmo ou seja nove mil a suportar meia dúzia que vos utiliza para continuar a viver como reis.
No entanto porque sou teimoso, deixo aqui mais algumas das minhas estúpidas sugestões que tenho a certeza absoluta evitavam as desistências em 90%, caso viessem a ser implantadas e postas em prática imediatamente com vista á próxima campanha. 

1º pôr termo aos campeonatos gerais, que dentro dos moldes actuais, obrigam a que um qualquer praticante tenha no mínimo 150 efectivos voadores e + - 20 casais reprodutores.

Reimplantava paralelamente o campeonato onde só o primeiro Pombo pontuasse em vez dos dois em vigor que obriga o Columbofilo a manter o dobro dos pombos. Peço aos menos atentos que estudem e analisem este pormenor que á primeira vista poderá parecer insignificante mas não é. Esta foi outra armadilha planeada para roubar ao maximo a quem menos recursos tem.

Os campeonatos disputados com dois pombos só existem no nosso país, com o objectivo de encher as frotas das associações e a venda de anilhas pela federação.
Pergunta - se porquê  dois dos trinta encestados? Porque não cinco ou dez nominados? Porque não os trinta?
A resposta é simples: enquanto o pequeno amador que recebe um Pombo á cabeça mas espera pelo segundo Pombo, porque participa com menos pombos, ou não tem qualidade em quantidade suficiente, as grandes colónias com dois pombos constatados mesmo que seja no meio da tabela abafam - no por completo.
É assim que se ganham campeonatos neste país. Nos países civilizados em termos de columbofilia, da - se valor ao Pombo vencedor do primeiro prémio enquanto que por cá é conveniente enaltecer só quem ganha muitos prémios.     
Com um único Pombo a pontuar, as pequenas, medias e grandes colónias ficam mais próximas da igualdade, porque apenas o primeiro Pombo de cada pombal constatado dentro do período em que a prova decorre é pontuado de acordo com a percentagem de pontos (na base dos 20 ou 10% dos encestados), elimina - se assim a penalização causada pelo possível atraso do segundo Pombo que não faz qualquer sentido.  
Paralelamente pode e deve haver um outro campeonato onde pontuam todos os pombos comprovados dentro dos 20 ou 10% conforme o tipo de pontuação a adoptar decidida pela maioria dos associados em cada colectividade.
Assim teremos campeonatos verdadeiros e justos campeões.
Quem  tem possibilidades, gosta de ter muitos pombos e tem tempo suficiente para lutar pelos dois campeonatos (chamemos - lhe campeão da melhor colónia, e campeão do melhor Columbofilo) pode faze - lo.     
Quem não tem essas condições pode disputar apenas o campeonato do melhor Columbofilo onde pontua só o primeiro Pombo. Em condições normais 40 a 50 pombos são suficientes para disputar um qualquer campeonato com 20 provas de media distancia, e o amador forçado pela redução do seu orçamento irá certamente ponderar antes de abandonar o desporto definitivamente. Assim poderá reduzir os custos e tempo necessário para um terço e continuar entre os outros até que a tempestade passe.
Com o sistema actual onde não existe verdade desportiva, onde se rouba a quem pouco tem para glorificar os canalhas do sistema, qualquer homem de bom senso vira as costas a isto que de columbofilia nada tem.
2º liberalizar e autorizar soltas e calendários próprios a organizar pelas próprias colectividades e outras organizações do sector privado, aumentando assim a oferta e direito á escolha, sem a qual nenhum desporto tem hipóteses de expandir e progredir.
Obrigar a trabalhar, e mostrar ás empresas de transporte que se apelidam de associações que muito mais e melhor pode ser feito, retirando lhes o monopólio, o principal motivo da vergonha e desgraça em que o nosso desporto caiu.
Há dias um colega dizia - me o seguinte: o que o pais precisa é de columbofilia, nós não temos columbofilia, temos sim tacho para o nosso dirigismo.
Concordo plenamente quando olho para o lado e vejo uma Holanda e Bélgica onde num único fim de semana se realizam o dobro das soltas que a associação de Aveiro e todas as restantes levam a cabo durante um ano. É um facto, nesses países realizam - se 37 soltas por fim de semana, daí serem o que são.
Aí não existem tachos para dirigentes, não existem derbys para adulterar resultados e roubar o dinheiro aos participantes. Pura e simplesmente um ou dois que possam existir são controlados ao pormenor.
Por cá temos um em cada canto, sem condições sanitárias, de alojamento, de transporte etc. Uma autentica mina de ouro para os organizadores - todos incluindo a fpc peritos na fuga ao fisco e no proveito próprio.
Esses senhores ligados á organização desses derbies suportam o actual regime ou fazem parte do mesmo, repartindo a responsabilidade pela desgraça em que nos encontramos.
Mas que conveniente.
E você Senhor Columbófilo quando é que vai acordar?
É esta a nossa columbofilia
Sei de antemão que mais uma vez este meu desabafo me custará uma meia dúzia de clientes. Para vós desde já o meu muito obrigado e passem bem. Talvez outros vos venham a substituir, mas se assim não acontecer, paciencia. Se eu o não fizer quem é que o faz?
Os pobres poderão necessitar dos ricos, porém nenhum rico consegue sobreviver sem o pobre. A columbofilia é para todos, seja qual for a situaçao socio económica do Columbófilo, tem que haver condições dignas para cada um dos casos.
As associações já provaram a cem por cento a sua imcompetencia, deixem trabalhar as colectividades e os privados. É aqui que reside a solução para a salvação do nosso desporto.    
É triste e doi muito ver alguem com a sua casa a arder, com a mangueira nas mãos, recusando - se a abrir a torneira da água que com certeza absoluta apagaria o fogo.
A columbofilia portuguesa é linda tão linda!
Continua logo que seja possivel.
 
Inácio Oliveira
Noticias CIC Lobão 25-10-2010.  
Segue - se a reprodução da publicação datada de Fevereiro de 2000.