Venda da colónia de Júlio Albuquerque, de Runa Torres Vedras

Venda total da colónia de Júlio Albuquerque, de Runa Torres Vedras

Um pouco sobre o homem, a sua paixão, dedicação e sabedoria columbófila.

Conheci o Júlio na Africa do Sul, país onde vivemos muitos anos, através de contacto relacionado com os pombos. Rapidamente percebi estar na presença de um campeão mas acima de tudo de um meticuloso e exigente criador de pombo – correio.

O Júlio, hoje com os seus quase 80 anos de idade poderia ser descrito como alguém que passou a sua vida a criar, concursar e a estudar os pombos. Neste aspeto será quase Impossível encontrar alguém com quem possa ser comparado em qualquer ponto do globo.

Regressou a Portugal em finais da década de 90 tendo fixado residência em Torres Vedras, distrito de Lisboa. 

Em apenas dois anos levou os columbófilos locais, então em grande número e qualidade, a ficar baralhados. Praticamente ninguém conseguia compreender como era possível alguem conseguir os resultados que o Júlio conseguiu em tão curto espaço de tempo. Paralisou tudo e todos, e assim continuou durante vários anos até que o seu estado de saúde lhe pregou uma enorme partida.

Os seus pombos rapidamente se espalharam pelo país onde vieram a provar que os feitos do mestre não tinham acontecido por acaso.

Hoje são muitas as colonias espalhadas em todo o país onde esta família de pombos foi introduzida com muito sucesso.

Tomo a liberdade de mencionar alguns, entre muitos, destaco o António Cavaco, de Santa Maria da Feira, que deve muito do seu sucesso aos pombos e ensinamentos do Júlio.

Outros como José Claudino de Évora, João Xavier, de Torres Vedras, Raul, das Caldas da Rainha, os campeões distritais de Lisboa, Alentejo, Porto Aveiro, Leiria Santarém constam na lista de clientes e amigos do Júlio.

O Júlio há vários anos atrás, sofreu um AVC que lhe deixou a parte direita do corpo praticamente paralisada. Mesmo nessas condições continuou sempre a criar com os pombos com a ajuda da família.

Infelizmente em 2012 sofreu o segundo AVC que lhe tirou a pouca mobilidade que tinha e o impossibilita de poder comunicar (perdeu a voz) embora compreenda o que lhe dizem, não pode responder às questões que lhe são colocadas.

Foi, de sua livre vontade, com total concordância da esposa, que a totalidade da sua colónia, num total de 130 pombos veio para o CIC. Alguns (poucos) pombos de idade avançada foram eliminados, os restantes portadores de anilhas dos anos 2003 a 2011 serão colocados ao dispor dos interessados.     

Entendemos que seria um crime não aproveitar o fruto de uma vida de trabalho espetacularmente levada a cabo.

Para que algumas más-línguas fiquem caladas de uma vez por todas vou escrever o que não devia fazer.

Durante quase uma década, pelo facto do Júlio, para além da falta de saúde, teria também condições financeiras que compreensivelmente não deviam ser famosas. Por esse facto, sem que o Júlio nos tivesse solicitado qualquer colaboração, ou da nossa parte exigida qualquer contra – partida, os pombos do Júlio, durante todos esses anos, tiveram sempre a medicação, suplementos, e por vezes até a ração necessária para a sua manutenção... gratuitamente, assim como alguma ajuda financeira acordada com a família quando trouxemos os pombos.

A totalidade dos pombos desta colónia com quase 50 anos de vida, serão colocados ao vosso dispor, em pequenos grupos, semanalmente, mas infelizmente sem pedigrees pelo motivo que passo a descrever.

De forma alguma irei correr o risco de cometer um erro com um qualquer pedigree.

Tenho todos os livros de registo em meu poder, livros esses, que datam desde a década de 60 até há meses atrás.

Porem, como poderá ser confirmado no exemplo de caligrafia na foto publicada nesta notícia, a informação escrita manualmente não pode ser garantida pelo facto de alguns algarismos e frases não estarem legíveis.

O Júlio quando perdeu a mobilidade da mão direita, tentou aprender a escrever com a mão esquerda, mas infelizmente uma parte dessa caligrafia só pode ser decifrada por ele próprio, e como não é possível comunicar com ele, decidimos não correr riscos.

Assim todos os pombos serão apresentados com a informação possível, mas sem pedigree.

As bases desta colónia são os “Busschaerts” importados pelo Júlio diretamente do Georges Busschaerts da Bélgica na década de 70, linhagem que ainda hoje se mantem pura.

Os “Cattrysse” importados diretamente do Beuselinck Cattrysse em 1973, linhagem que até aos dias de hoje se mantem pura.

Os Van Nest, e os Putteries, estes últimos, o Júlio soube adquirir o melhor na fonte tendo alguns ainda hoje puros desta linhagem.

Pombos nacionais foram alguns introduzidos nomeadamente os Gabys via José Claudino filhos diretos de um filho do Wittenbuik importado pelo José Claudino, de Évora assim como mais três ou quatro pombos de outros columbófilos seus amigos.

Para todos, especialmente aqueles que não dão muita importância ao pedigree detalhado, esta será, sem qualquer margem para dúvida, a melhor oportunidade de sempre para poder vir a adquirir pombos de qualidade igual ao melhor que será possível reproduzir em qualquer local. Pombos em muito boa condição de saúde.   

Inácio Oliveira

CIC Noticias, Lobão 22-01-2013

Caligrafia antes do AVC Caligravia após o AVC (escrito com a mão esquerda)

 

 
   

 Alguns dos Pedigrees originais dos pombos base desta colónia, alguns já com mais de 40 anos. Na foto á direita parte do livros de registos que o Júlio sempre manteve devidadmente actualizados enquanto o seu estado de saúde o permitiu.